Todos os dias me pergunto se já fui de férias!
Ando tão, mas tão cansada que mesmo quando a semana só tem 4 dias de trabalho, sinto-me como se estivesse a trabalhar ininterruptamente há mais de um mês.
É a exigência do trabalho, é a rotina de todos os dias e dou por mim a acordar já a pensar na hora de deitar.
Hoje cruzei-me com uma pessoa que me fez pensar sobre este estado de espírito.
Mudou radicalmente a sua vida, em busca de algo melhor.
Deixou o seu país para trás, assim como a sua formação superior, trazendo consigo vontade de mudar e a sua família (o marido e uma filha de 2 anos).
Escolheu vir para um país que não conhecia e começar do zero.
Tanto ela como o marido com cursos superiores vêm-se agora a trabalhar em áreas menos diferenciadas. Conta-me que demora 2 horas nos transportes públicos no trajeto casa-trabalho e mais duas trabalho-casa, sai de casa às 10h para chegar às 23h.
Perguntei-lhe o porquê desta mudança. E a resposta foi tão simples. Era insustentável! As horas de trabalho, o ordenado que ganhavam e a qualidade de vida eram bem piores do que aquilo que agora têm aqui. Sendo ela licenciada em biomedicina a exercer e a dar aulas na faculdade, e ele arquiteto.
Claro, que aqui, também, tem dias maus em que coloca tudo em perspetiva, mas contava-me que o custo de vida lá eram tão alto, que gastava cerca de 400€/mês em compras de supermercado, para ter o essencial, quando aqui gasta cerca de 120€/mês com aquilo que ela chama de alguns luxos, como os iogurtes.
Ainda está em Portugal há poucos meses e já começou a explorar outras oportunidades que lhe sejam mais favoráveis, como ir para o interior, conseguir reconhecer a sua formação superior, entre tantas outras coisas.
Ao falar com ela todo o meu cansaço desapareceu. Como poderia eu estar cansada perante uma história destas? Posso, na realidade posso e estou. E não estou a ser egoísta.
Ando cansado de um trabalho desgastante e exigente, de tentar dar resposta a todas as solicitações laborais, pessoais e familiares, não fosse ter uma Maria com as pilhas sempre carregadas cá em casa.
Mas senti-me grata pelo que tenho.
E deu-me força, não para me acomodar, conformar e aceitar o que tenho, mas para continuar a procurar algo melhor, se sinto que é esse o caminho.
Pois a continuar neste ritmo, sinto que posso estar a dar o tilt.
Leva-me contigo… para onde?? Não sei mas vou…
Quando souber para onde ir, levo-te comigo. Fica prometido!