Prestes a chegar ao fim partilho convosco como foi esta viagem de 9 meses. Tão, mas tão diferente da minha primeira gravidez.
Tanto a Maria como a Clara foram planeadas e muito desejadas por nós. Mas se durante toda a gravidez da Maria me senti imensamente feliz e entusiasmada desde o momento zero, com a Clara foi um pouquinho diferente.
Sinto que nesta jornada tentei e lutei para ser e dar o melhor de mim, mas grande parte do tempo não foi assim que me senti. Senti-me maioritariamente triste e deprimida, com a consciência de que não tinha motivos nenhuns para me sentir assim.
Quando soube que estava grávida da Maria fiquei inundada por uma felicidade que nunca tinha experienciado. Desde cedo comecei a dar miminhos na barriga, mesmo quando esta ainda nada fazia adivinhar. Aceitei todas as mudanças com alegria, até mesmo todos os desconfortos.
Com a Clara foi totalmente diferente. Claro, sem dúvida, que fiquei feliz no momento em que soube que ela estava a caminho, mas ao mesmo tempo senti uma sombra. E deixem-me fazer uma partilha bem pessoal, o processo para engravidar da Clara foi demorado, desafiante e difícil, por isso ela era, e é muito esperada.
Não ajudou no primeiro trimestre as náuseas e o mal estar, assim como as perdas, tendo vindo para casa de baixa às 8 semanas. No segundo trimestre veio o ferro bem baixote, o que me deixava muito cansada, pálida e com queda de cabelo, as constantes variações de humor e um episódio de bradicardia fetal (batimento cardíaco da Clara baixinho). No início do terceiro trimestre sentia-me, novamente, com energia, aproveitei para fazer caminhadas, mas as contrações começaram a dar sinal e voltei a ficar quieta.
No entanto, quando olho para isto percebo que não é nada de mais, que tinha relativizado muito mais tudo isso, se não fosse esta pequena nuvem que por aqui habita de vez em quando.
Desta vez há tanta coisa que me causa desconforto.
O aumento de peso, a imagem corporal. Aquando da Maria estava bem mais gordinha e nada me incomodava sentia-me bonita, e gostava da imagem que via, atualmente vestir-me é um filme e tenho de fazer um esforço para gostar da imagem que vejo. Assim como os mimos à barriga, sem dúvida que a nutro e fico imensamente feliz quando a Maria dá uns beijinhos doces ou umas festinhas, mas tenho ideia de que da primeira vez estava constantemente a afagar a barrigota.
O estar em casa, sentir que não tenho um propósito, também, é algo que me incomoda. E por isso, tenho-me refugiado aqui algumas vezes, pois sinto-me bem e produtiva quando escrevo ou partilho alguma coisa.
Sentir que vou perder alguma da liberdade que tinha ganho, agora com a Maria mais crescidota. Mas a verdade é que vou ganhar tanto, mas tanto mais.
E podem perguntar, e todas aquelas partilhas no insta? Na realidade servem e serviam para me fazer acordar e perceber o quão privilegiada sou. Consegui uma segunda gravidez, tenho um marido fantástico, a melhor filha do mundo, o conforto da minha casa e mesmo em tempos de tanta dificuldade conseguimos levar uma vida tranquila.
Fossem as nossas emoções tão fáceis de controlar e estaria tudo ok. Mas ter crítica e conseguir ver o que de bom me rodeia é um bom exercício para me puxar para cima. E depende de mim ainda aproveitar estes dias que me sobram com a Clara só para mim, porque este momento é único, mais do que isso é mágico.
Por isso, agradecer tudo o que a vida me tem dado e preparar-me para este novo desafio, que tenho a certeza que vai ter tanto de desafiante como de fantástico.
E sim Clara, és mais do que esperada e desejada. Podes vir, estou (amos) pronta (os) para ti.
P.S. Escrevi este post há algumas semanas e tem estado aqui guardado há espera que eu o publique. Desde que o escrevi, que me sinto mais leve e tranquila. Precisava mesmo de exteriorizar as minhas emoções para as poder desbloquear.